Novos experimentos conduzidos pelo mesmo grupo que em setembro anunciou ter detectado neutrinos – um tipo de partícula subatômica – viajando mais rápido do que a luz confirmaram os polêmicos resultados, que desafiam o limite de velocidade do Universo imposto pela Teoria da Relatividade de Einstein e foram recebidos com ceticismo pela comunidade científica.
Pesquisadores do laboratório subterrâneo de Gran Sasso, na Itália, mediram o tempo que neutrinos gerados pelo acelerador de partículas Grande Colisor de Hádrons (LHC, na sigla em inglês), a cerca de 730 quilômetros de distância, na fronteira entre a Suíça e a França, levaram para chegar até o instrumento batizado como Opera e verificaram que a viagem durava algumas dezenas de nanosegundos (bilionésimos de segundos) menos do que se eles estivessem à velocidade da luz.
Segundo os críticos, porém, o experimento estaria sujeito a diversos erros sistemáticos. Assim, a nova experiência procurou eliminar um destes potenciais erros.
- Uma medição tão delicada e que carrega implicações tão profundas para a Física requer um nível extraordinário de escrutínio – justificou Fernando Ferroni, presidente do Instituto Italiano de Física Nuclear (INFN), responsável pelos novos testes. - O resultado positivo do teste nos deixa ainda mais confiantes no nosso resultado original, embora uma palavra final só poderá ser dada por medições análogas realizadas em outros lugares do mundo.
Na experiência original, o LHC disparou feixes de prótons, que produzem os neutrinos, em pulsos longos, com duração de aproximadamente 10 microsegundos (milionésimos de segundo), com os detectores do projeto Opera registrando sua chegada até 60 nanosegundos antes do que se estivessem viajando à velocidade da luz. Agora, os feixes foram muito mais curtos, com duração de menos de três nanosegundos, e tiveram intervalos maiores, de mais de 500 nanosegundos, entre cada.
“Desta maneira, comparado com a medição anterior, os feixes de neutrinos foram menores e mais espaçados uns dos outros. Isso permite realizar medições mais acuradas de sua velocidade ao custo de uma intensidade menor dos feixes”, explicaram os cientistas em comunicado. Eles publicaram seu segundo grupo de resultados no serviço de artigos científicos eletrônico ArXiv.
Jacques Martino, diretor do Instituto Nacional de Física Nuclear e de Partículas da França, que trabalhou no segundo experimento, destaca que embora o teste não seja uma confirmação completa dos resultados que desafiam Einstein, ele removeu um dos potenciais erros que podem ter ocorrido na primeira experiência.
- Mas a busca não acabou – ponderou. - Há muito mais checagem de erros sistemáticos em discussão.
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