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Entrevistas : Miguel Quintanilla, Idealizador da Feira de Ciências


Idealizador da Feira de Ciências que virá ao Brasil em 2012 fala sobre a importância da participação pública nas decisões sobre ciência e tecnologia. entrevista feita por jornalistas da revista eletrônica de Jornalismo Científico ComCiencia
Por : Sabine Righetti e Ana Paula Morales, de Salamanca

As pessoas devem participar de tomadas de decisão em ciência e tecnologia. Esse é o mantra do professor de lógica e filosofia da ciência da Universidade de Salamanca, na Espanha, Miguel Quintanilla. Um dos idealizadores da Feira Iberoamericana de Ciência e Tecnologia – Empírika, ex-secretário de Estado de Universidades e Pesquisa e à frente do Instituto de Estudos da Ciência e da Tecnologia (Ecyt, na sigla em espanhol), Quintanilla prega que a ciência faz parte do cotidiano das pessoas (da sua cultura científica) e que, por isso, todos devem opinar sobre ela e participar dela. E, nesse contexto, o jornalismo científico tem um papel central.
ComCiência – De onde surgiu a ideia de se fazer uma feira de ciências (a Empírika)? E por que uma feira e não um congresso científico ou algo do tipo?

Miguel Quintanilla – Por dois motivos. A feira está direcionada ao público e nós queremos falar com o público. As feiras são mais participativas e aproximam as pessoas. Também queríamos ver o efeito que as feiras de ciência têm no âmbito da participação pública em tomada de decisão científica. Por isso, escolhemos as feiras de ciência. A participação em tomadas de decisão científica tem uma importância econômica.

ComCiência – E por que a ideia de que a feira seja itinerante?

Quintanilla – Não nos conformamos apenas com Salamanca. Queremos que a feira vá para mais regiões da Iberoamérica, incluindo a América Latina. A feira é um ponto de contato e de intercâmbio entre a Europa e a América Latina. A ideia é de que a marca da feira seja ela passar por países diferentes. Esse caráter itinerante dará a oportunidade de que e comemore, em 2018, o oitavo centenário da Universidade de Salamanca, quando, então, a feira deverá retornar para a região, depois de ter passado por países importantes. A Empírika deverá passar pelo Brasil em 2012, pelo México em 2014 e depois pela Colômbia em 2016. Precisamos discutir as questões de participação pública em tomada de decisão também na América Latina.

ComCiência – E por que as pessoas devem participar das decisões sobre ciência e opinar sobre ciência?

Quintanilla – Porque é como participar do ar que se respira. Hoje, no século XXI, a ciência é um elemento central, assim como foi a agricultura há alguns séculos. A economia vive da ciência, a vida depende da ciência. A ciência está em todas as partes e a ideia é que as pessoas tenham acesso a ela, e possam decidir e influenciar essa ciência que os rodeia. As pessoas devem se beneficiar da ciência e se responsabilizar por ela. Devemos ter uma obrigação moral pela ciência que é produzida, porque estamos inseridos num contexto de cultura científica em que todos devem participar do desenho das políticas científicas, não só por um problema de economia, mas por uma questão de cultura geral.

Esta entrevista foi lida em ComCiência, continue lendo o resto da entrevista no seguinte link.